sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Relato de Amamentação

Venho deixar meu relato de amamentação e me colocar a disposição a quem precisar de ajuda. Esse relato era pra ter sido postado na Semana Mundial de Aleitamento Materno. Simplesmente ficou aqui estacionado no rascunho e acabo de encontrá-lo.




Minha filha nasceu a 1 ano e 7 meses, de um Parto Natural no Hospital Universitário de Florianópolis, na manhã de uma terça feira. Nasceu e não quis mamar, como aconselham que faça. Mas acredito que tenha mamado na primeira hora pelo menos. Não lembro direito pois dormi logo depois do parto, pela exaustão das mais de 30hrs acordada. Lembro de uma enfermeira me acordar e 'encaixá-la' no meu peito, mas dormi novamente. 

Depois no quarto assim ela continuou, sem querer muito saber de mamar. Alguém me avisou que poderia ser assim pois os bebês já nascem de estômagozinho cheio - de líquido! Mamam por instinto no começo, não por fome. Laura mamava, mas pouco. Pra mim, o suficiente. E acredito que pra ela também pois estava sempre quietinha e satisfeita da vida. Dormiu praticamente a primeira noite toda. Acordou com o sol e quis mamar. Meu peito estava rachado, com sangue. E eu sentia Muita cólica - a contração do útero voltando ao lugar dele. Pedia remédio todo tempo -  o que hoje com informação, não indico - mesmo assim dava mamá e estranhamente eu gostava!

                     

Na segunda noite - em uma das milhares de vezes que vieram mexer na minha bebê - a enfermeira mediu a temperatura, disse que ela estava desidratando e saiu. Voltou com um copinho cheio de água e já foi indo dar para pequeninha. Impedi e disse que não queria que desse nada. Ela se indignou com o meu 'intrometimento' e brava saiu resmungando, dizendo que iria anotar no nosso prontuário, chamaria o pediatra e que se ela não desse aquela hora ele daria no dia seguinte. Eu ri (minha mãe e eu fizemos uma piadinha, pois ficou parecendo a época de colégio em que a professora dava anotação na agenda e deixava de castigo). 

Nessa hora liguei para a  doula que me acompanhou pra ter uma luz sobre minha atitude, se estava certa ou errada. E ela confirmou que não era para dar nada, que o bebê só precisaria do meu leite e ponto. Mas que era pra dar mais mamá. Desliguei e liguei para minha tia em Belo Horizonte que trabalhava em um Banco de Leite. Ela ensinou várias 'técnicas' para fazer o bebê mamar mais. E assim passamos a madrugada inteira, testando e treinando todas as tais técnicas. Tirei toda a roupinha da Laura, deixei só no contato pele com pele. Fiz cócegas no pézinho entre outras maluquices. O que importou mesmo foi que ela mamou sem parar!

Na manhã seguinte, quando seríamos liberadas o pediatra veio, como disse a louca enfermeira. Examinou a filha e constatou que não tinha nada de errado com ela, mas pela malcriação da madrugada tivemos de ficar mais um dia na maternidade. E passamo o dia super bem, recebemos visitas, o que ainda me constrangia na hora de amamentar. Ainda era estranho pra mim ficar de peito de fora assim na frente de todos... porque também recebíamos visitas de pessoas estranhas (estudantes de medicina). Mas tentei ser a mais natural possível. Fingia - até pra mim mesma - que tinha feito isso minha vida inteira (acho que acabei acreditando).

No terceiro dia de internação levantei super cedo me arrumei, arrumei a Laura e fiquei sentadinha na cama esperando a alta. Saímos antes do meio-dia e já em casa pensei que tudo seria mais fácil, mas foi quando o leite desceu. Uma me falava bota água quente, outra me falava bota água fria e outra ainda nem nada me falava... Fui para o banho quente e o leite espirrava e eu pensando: "ufa, tá saindo". Mas que nada ele enchia ainda mais, endurecido, doía muito. Então passei para as compressas de água fria... (já que quente não deu certo) E 'AAi que alívio que deu'. Na hora da compressa nem sentia mais nenhuma dor. Peguei várias fraldas de pano, coloquei no colo e ali fiquei tirando todo o excesso de leite com a mão mesmo... encharcava a fralda, trocava, e voltava a tirar mais um pouco. E ia oferecendo o peito pra Laurinha, que ainda não era uma super mamadora profissional! E como era gostoso colocar a Laura pra mamar e sentir o peito - Super Cheio - esvaziando... devagarinho...

A primeira semana pude me dar ao luxo de fica o dia todo só na cama aninhada a filhotinha. Ficávamos praticamente sem roupa, laura grudada em mim, achando que ainda não tinha nascido e eu com os peito de fora, e assim ficávamos só comendo e dormindo! Minha mãe ficou conosco e me ajudou em tudo que eu precisava então minha única preocupação foi aprender e ensinar a laurinha a pegar o peito. Acredito que esse tempo e dedicação da minha mãe foi necessário para Nossa Simbiose e sucesso na Amamentação (por isso hoje esse contato inicial mãe-bebê é uma das minhas preocupações como doula)! O uso do sling também foi um grande facilitador pra formação desse nosso vínculo.

Mamando na festa de primeiro aninho
Como disse inicialmente hoje minha pequena tá grandona - praticamente só de mamá - com 1a e 7 meses. Durante todo esse tempo tivemos algumas (várias) dificuldades, como uma mastite aos 3 meses quando tentei voltar a trabalhar entre outras coisas. A Laura mamou exclusivamente no peito por mais de 6 meses o que pra nós foi completamente natural... No 'mesversário' de 6 meses ela ganhou uma bananinha na mão e curtiu bastante... Mas foi muito aos poucos que aceitou comida mesmo. Ela é super fortinha e saudável! Hoje confio muito no meu instinto pois é o meu melhor conselheiro sempre - desde o parto, a amamentação e também na criação da filha. Toda mãe deveria fazer o possível pra também ouví-lo. E se empoderar! Somos Mamíferas e nada é mais natural do que amamentar!

Foto desse final de semana passado, no Encontro Mães de Florianópolis, Laura 1 a e 7m, mamando (por incrível que pareça pela posição!)

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