segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Métodos para alivio da dor no trabalho de parto - Parte I


A dor durante o trabalho de parto é universal: parir foi e é considerado doloroso por quase todas as culturas do mundo. Em nossa cultura, predominantemente judaico-cristã, as dores no parto são vistas como um castigo de Deus a Eva e suas descendentes pelo pecado original: "Multiplicarei as dores de tua gravidez, será na dor que vais parir os teus filhos" (Gênesis, III, 16).


A hospitalização do parto, levando-o a ser considerado um evento médico-cirúrgico, e a percepção cultural de que toda dor é um sintoma de doença e deve ser suprimida, resultaram na crença de que a dor no parto é dispensável e sem valor, e deve ser curada com equipamentos e tecnologia apropriados.

No entanto, muitas mulheres demonstram o desejo de lidar com a dor no trabalho de parto e parto sem intervenções farmacológicas. Isso se deve ao desejo de pouca interferência no processo fisiológico do nascimento, de “estar no controle”, de ter escolhas, de ser encorajada a confiar no corpo para superar a barreira da dor por seu próprio ritmo natural. Também pelo medo de efeitos colaterais que possam afetar a criança, já que a mulher passa a gestação inteira sendo alertada quanto aos perigos do uso de qualquer medicação para seu filho.

Não é possível prever a intensidade da dor para cada parto. Cada mulher é única e cada parto é vivenciado de forma única. Diversos fatores podem influenciar a intensidade da dor sentida por uma parturiente, como a tensão, a ansiedade e o medo do parto, a motivação para o parto e a maternidade, a paridade (primíparas referem mais dor que multíparas), a participação de cursos de preparação para o parto, a idade da paciente, o nível sócio-econômico, o antecedente de dismenorréia (cólica menstrual), o tamanho do feto, o peso da parturiente, a hora do parto, outras experiências dolorosas vivenciadas antes do parto, a posição da parturiente durante o trabalho de parto, o uso de drogas para induzir ou aumentar as contrações uterinas, além de normas sociais que também podem influenciar o julgamento da intensidade da dor.

Mesmo quem não pretende utilizar nenhum método para alívio da dor no trabalho de parto e parto, precisa conhecer os disponíveis. Em algumas situações pode haver necessidade e, conhecendo as alternativas, pode-se participar da escolha do método. 

Para escolher os métodos analgésicos que podem ser utilizados, devem ser considerados riscos, benefícios e também o desejo da parturiente. Lembrando que um alívio total da dor não necessariamente implica em uma experiência de parto mais satisfatória. O importante é que a parturiente se sinta segura e confortável. Conversar com a equipe de assistência e incluir os métodos de preferência e os que NÃO deseja utilizar no “plano de parto” é essencial. 

Pensando no conforto, mais que no alívio da dor em si, inicio com algumas “dicas”para as parturientes. Essas dicas são baseadas em um texto da internet (infelizmente perdi a referência) e na prática de acompanhar gestantes. A seguir, apresento as técnicas não farmacológicas mais estudadas de maneira “científica” com alguns comentários e, finalmente, comento as técnicas farmacológicas.

30 medidas para o conforto durante o trabalho de parto:
A parturiente pode tentar todas as que quiser. Certifique-se de sentir-se confortável. O que propicia uma deliciosa sensação de alívio para uma mulher pode não servir para outra. E, com o avanço da dilatação, o que antes parecia confortável torna-se incômodo. Tanto a mulher quanto seus acompanhantes devem estar prontos para ir mudando as técnicas.



Ambiente: 
· Pouca luz
· Som “pacífico” (parecem ser melhores os sons da natureza (como pássaros, água correndo, ondas), mas os naturais mesmo, não gerados por sintetizador).
· Privacidade (em alguns locais isso é um pouco difícil, mas pode ser conseguido com um “isolamento” com cortinas improvisadas com lençóis, por exemplo.
· Aconchego
· Música

Físico:
· Caminhar
· Balançar a pelve
· Deitar sobre travesseiros
· Dançar “música lenta” com o parceiro
· Sentar na “bola de parto”
· Levantar o abdômen

Toque:
· Massagem
· Tapinhas no local da dor
· Afagar/ acariciar
· Contrapressão na região lombar
· Do-in

Calor:
· Banho de banheira
· Banho de chuveiro 
· Compressas quentes

Frio: 
· Compressas frias
· Tecido frio para colocar no rosto

Cognitivo: 
· Visualização
· Afirmação
· Atenção na própria respiração
· Padrões de respiração
· Não focar a atenção em nada (atenção a todos os sons, cheiros, sensações táteis sem focar)
· Rezar

Outros:
· Aromaterapia
· Cromoterapia 
· Vocalização 
· Acompanhante ao parto

Técnicas:
Não Farmacológicas
São técnicas que não utilizam remédios ou drogas. O alívio da dor que proporcionam é menor do que o obtido com as técnicas farmacológicas, mas, geralmente, não tem contra-indicações ou efeitos colaterais.

Parte 2


fonte: ONG Amigas do Parto

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