quinta-feira, 6 de junho de 2013

ana nasceu assim, no carro



Laura me ensinou a ser mãe. Gui me lembrou que sou mulher. Ana me trouxe o equilíbrio!


 rabisquei esse bebê antes mesmo de desconfiar que estava grávida, mas já estava. exatamente a posição que Ana ficava desde o quinto mês, mãozinhas na boca – agora, depois de nascida descobrimos que chupa o lado da mãozinha - , perninhas cruzadas pra cima com pezinhos que nao paravam de chutar minha costela e lateral da barriga - chegava a ser visível diariamente. o fiz uma semana antes da minha mãe me olhar e falar: 'tu tá grávida'. durante a organização, duas semanas antes da 'marcha pela humanização do parto'. desenho que foi pintado no dia por um pai artista na barrigona da sua companheira. marcha que aconteceu no dia seguinte a boa nova notícia! o que me fez emocionada - e novamente por lembrar - gritar, mostrar e pedir pelo NOSSO direito de ser respeitada na chegada dela ao mundo.


Decidi desde o dia que me descobri a gravidez que teria meu parto em casa, com meus amores perto de mim e meus direitos respeitados. Mas não tive nem ao menos respeito a esse meu direito de escolha.
Tinha medo que me atrapalhassem em casa e tinha ainda mais medo de ir pra uma maternidade.

Só queria ficar em casa, no meu canto. Não queria decidir, nem planejar. Cercada de mulheres que sabiam e confiavam no parir. Tive certeza da minha escolha. Da nossa escolha, Só nossa. Só nós iríamos nascer. Só nós duas bastávamos. Só eu e Ana. Apenas nós duas saberíamos. Apenas ela!

Algumas semanas depois, em uma segunda-feira, depois de ‘ficar-de-bem’ com o marido, Ana me contou que ia chegar. Depois de meses com as contrações de brincadeirinha. Elas vieram de verdade. E a cada 10 minutos. Era noite e avisei o Gui que ela estava vindo e que devia chegar na quarta pela manhã. Terça, de manhã liguei para que ele viesse do trabalho pra ficar comigo.

Sentia ela baixíssima.

Colocamos roupinhas pra lavar. Até aquele dia nada estava arrumado, deixei para que fizéssemos durante o TP, para esperarmos mais um pouquinho ‘antes de ir’. 
Montamos o bercinho. Arrumamos a casa. Tirei fotos da bagunça e da nossa felicidade.
Pedi que fôssemos dar uma volta pra distrair. As ligações dos avós de primeira viagem (os sogros) eram mais constantes que as contrações e avisei quase no final da tarde que assim ela não iria nascer! 

E assim foi, depois de quase 20hrs de contração ritmada, desengrenou... Passou a vir de 15 em 15, 10 em 10. Mas a intensidade também já era outra. Quebrou o clima!

Quarta pela manhã, acordei cedo. Ana já estava super alta de novo. Já bateu o desespero. Não agüentava mais a cobrança do ‘vai parir ou não?’. Queria meu marido ali comigo, mas já sabia que Ana não viria mais naquele dia e ele teria que ir trabalhar.
Não deu muito tempo telefone já voltou a tocar... Liguei chorando para minha mãe, dizendo que sabia que não estava na hora, mas queria pelo menos fazer uma avaliação para acalmar todos ‘os ânimos’...

Na clínica uma médica debochada, depois de eu explicar como estavam as contrações, me perguntou: ‘mas então já nasceu, né’. Fez exame de toque e disse: ‘está alta, colo comprido, fechado, posterior. Vai demorar ainda pra nascer, mas se não vier até 41 semanas volta aqui’ (pela ultrassom estava na 40ª).  "Aham", disse eu. Sabia que ela não estava certa. Mas pelo menos as ligações parariam com essa resposta.

De lá fui pra minha mãe. Não queria esperar sozinha pela hora e o marido tinha que trabalhar. 
Quinta, na mesma: contrações constantes de 10 em 10 min. suaves como as de treinamento.

~ Diferente do que uma (linda) Ana me disse, as ‘Anas’ sabem sim o que querem!



Tirei fotos durante a tarde e a noite, na casa da minha mãe resolvi fazer um chá pra acalmar, não agüentava mais esse vem, não vem...  Fervi a água, coloquei um melzinho e pensei ‘porque não?’ e coloquei também uma canelinha em pó pra dar uma aquecida e já que estava do lado da pimenta do reino ‘porque não?’ uma pimentinha e já que já tem tudo isso, porque não um chocolate e pra completar, a camomila, porque eu queria ‘acalmar’, lembra? 



Depois desse meu ‘chá de parto’ que Naoli deve ter revirado-se na própria cama a coisa engrenou de novo... Mas fui deitar pra descansar e lógico, não conseguia, levantei pra pegar o ventilador no quarto da minha irmã e me perdi por lá, acabei dormindo um pouquinho lá, um pouquinho na cama com o marido e filha, um pouquinho no sofá, um outro pouco no banheiro.

Pela manhã o negócio já tava difícil... Avisei ‘asculéega’ que não iria ao encontro do curso (com as mulheres maravilha) e pra acender as velinhas que era hoje! Andava pra lá e pra cá a cada contração mas tava ruim de aturar. Chegava próximo ao 10º minuto e já ficava tensa. Tensa de ‘se ainda ia demorar muito’, ‘se a próxima ia ser pior’, ‘se eu ia aguentar a proxima, porque “essa ultima foi foda”’, se ia ter próxima, ‘medo de desengrenar’ e também de já estar engrenado. Fui no banheiro e sangue, fiquei mais tensa ainda e tentei ligar pro Dr. que me acompanhou no pré natal, até lembrar que era simplesmente o tampão.  Sentia ela baixa de novo, mas ‘colo comprido, fechado e posterior’. Juro que sentia!

As mulheres maravilha foram me doulando pelo telefone. Eu me estava sendo uma péessima doula, já não conseguia pensar direito, pela hora do tampão já conseguia me dar conta disso. Me ligaram, chorei, chorei, chorei, falei o quanto tava cansada, o quanto estava doendo e o quanto eu queria minha casa. E a resposta foi a que eu daria pra mim mesma, depois de me tranquilizando  me fazer enxergar a situação que estava (em uma casa com a minha mais velha de 3 anos e mais 4 homens, minha mãe estava no trabalho). Simplesmente não fluía, doía!. “Mari então vai pra casa”!

Era só o que eu queria, a minha casa com meus amores!

Falei pro Gui,’ vamos’, levantamos e fomos... Pra minha sogra. ¬¬ Meu marido é o melhor, não é gente?! Almoçamos, comi macarrão a vera! E estava super suportando as contrações, estava de boa, estava “quase indo pra casa”, né?! Contração ia do mesmo jeito, 10 em 10... nada mudava, já ia me desesperando de novo. Só queria minha casa, e era  que eu ficava repetindo pro Guilherme (essa altura do relato, já era Guilherme!). E ele dizia, ‘já vamos’, ‘não depende de mim’, ‘espera mais um pouco’ a cada 10 minutos durante 2horas! Iríamos de carona com meu sogro.

~ Ana fez 2 meses e ainda não sei o que que estávamos esperando.

As meninas me ligando pra saber como andava e tudo na mesma. Me mandando boas energias, me fortalecia!

Então meu sogro ainda iria passar no banco pra depois fazer algumas outras voltas antes de nos levar... E eu queria muuuuuuuuito a minha casa, a cada 10 minutos... Eu sabia que não estava evoluindo e sabia que era porque eu não estava me sentindo nem segura, nem confortável, muito menos feliz e respeitada com aquela situação. Meu sentimento era de revolta, indignada com o desrespeito por mim, pelo parto, pelo nascimento de um membrinho da família. Tava puta mesmo!

Pedi que o Guilherme fosse com ele, tirar dinheiro da minha conta pra irmos de táxi pra casa, já estava desesperando. Então ele foi. Ah e pedi que não voltasse sem um puta pote de sorvete de creme! E foram.

Fiquei eu, minha filha mais velha, minha bebê nascendo e minhas contrações de 10 em 10 minutos. Eu estava triste. Chorando de tristeza mesmo. Nunca imaginei que estaria naquela situação. Na verdade imaginava sim... ‘ter’ que ficar sozinha na minha sogra era uma coisa que me acontecia com muita freqüência (Jesus me libertou ahahah) mas parindo, ainda não tinha passado pela minha cabeça, mesmo... quanto inocência.
Mas por um lado foi ótimo. Me conectei, comecei a me conformar que iria nascer  de qualquer forma. Eu tendo imaginado ou não.  A cada contração eu ia pro banheiro, onde era mais escurinho, me balançava, sacudia o quadril, ia achando jeitos confortáveis de passar por elas, ia intensificando e nada de ninguém... Foi assim por mais ou menos 1hr, e ainda de 10 em 10.

Até que eu desisti. Me entreguei. Não tava mais afim. Me entreguei pra dor, pra sofrimento, pra tristeza... me encolhi com uma almofada e só chorava. Vinha a contração e eu só a sofria. E meu marido chegou, ele ficou com a Laura e eu fui ‘sofrer’ no quarto. Enquanto meu sogro e minha sogra se gritavam e discutiam qualquer coisa sobre o banco.
Então a mais nova doula, irmã, xará Mari ligou e ligou também a chavezinha do meu parto! Me disse, ‘Mari se entrega pro teu parto, deixa teu bebê nascer’ e se propôs a me acompanhar se precisasse. (Atá e eu ligando a cobrar pra pessoa, gente!)

Assim que ela desligou pegou fogo! Fui pro chão e dei uma urrada básica. Engrenou de vez, vinha muito forte e acredito que de 5 em 5 minutos. Ainda de joelhos, apoiada na cama na minha frente liguei pra minha mãe e só disse, ‘tô na sogra, me leva pra maternidade que tá nascendo’. Retornei pra Mari e disse pra ir pra Clinica Ilha que eu queria muito ela junto. Isso era 14:00 (e mais alguns minutos).

Levantei do chão e fui pra sala. Meu sogro e sogra agora tinha resolvido ir e já estavam saindo. Avisei que tinha ligado pra minha mãe, que estava vindo e pedi que levassem a Laura. Chorei olhando minha pequena e dizendo o quanto eu queria que ela estivesse junto pra ver a mana nascer mas que não ia dar. Dei um beijinho e ela foi...
Veio mais uma contração, de olho fechado sentindo vir a onda pedi pro marido tirar minha sandalia, fui pro escurinho do banheiro de novo, mas já não era suficiente. Tirei minha bermuda e liguei o chuveiro bem quentinho e tentando não molhar minha roupa deixei a água cair na lombar onde mais doía. E claro, milagrosamente a dor passava e a sensação só era deliciosa... Lembrei do meu primeiro parto!

Passou, pedi sorvete e veio outra... chuveiro!

Buzina, minha mãe chegou. 14:30 e poucos? 40? Pedi uma toalha e saí de blusinha e calcinha, meio que enrolada numa toalha e molhada, pela rua mesmo. E urrando. Só até chegar o carro, senti umas 3 contrações... Na porta da casa, no meio do caminho e na porta do carro. De olho fechado gritei pra mãe e pro marido: “Vaaaaaaaaaaai, cara” Abri o olho, a porta do carro aberta e os dois me esperando entrar e rindo da minha cara.

Entrei e a cena se repete: No carro tudo tranqüilo a 300km/hr (uma vovó desesperada no volante).  Perguntando: Gui qual o caminho mais rápido pro centro e ele foi guiando, vira aqui dona Mary, vira ali, vai reto aqui... Barreiros, Estreito... E cortando todo mundo e buzinando e enlouquecida. Me perguntando coisa, brigando comigo... sei lá. Durante a contração eu só rosnava... Eu ainda sentia, ela baixa, mas ‘colo comprido, fechado, posterior’. Sentia ela ainda dentro do útero. Juro que sentia! Nem ouvia, nem olhava. Durante o trajeto só dava umas espiadas. Fiquei  de olho fechado, em outro planeta, só sentia...

Subindo a Av. Ivo Silveira a mãe quis saber de quanto em quanto estavam as contrações e me perguntou no intervalo delas, e veio uma ela me disse: ‘vamos ver, agora 14:54 e foi subindo a avenida, veio outra “14:55 isso foi outra?”, na sinaleira em frente ao INSS, do lado de um ônibus. Eu com os pés no painel do carro, calcinha toda amostra pro povo e o povo olhando pra dentro do carro, no mínimo, sem entender a primeira vista, veio outra, e agora mãe? “14:56, ai meu deus, ta nascendo” Concluiu só agora!

Gui ia tentando ligar pra conseguir escolta, polícia, bombeiro, SAMU, nem sei, sei que ficava com 'vários alguens' no telefone... Pedi pra comer soverte, de novo!

Descendo a avenida! Fora da casinha, falava pra minha mãe, ainda com medo de estar indo antes da hora pra meternidade eu dizia, ‘mas pode nem ser nada mãe’, ‘deve ser só vontade de fazer cocô, se eu fizer a contração vai aliviar’ e ela gritava comigo “ Não faz força, não faz força”.

Pedi um papel pra forrar o banco, ainda achando que ‘era só isso’. Ainda tinha medo de chegar na maternidade e sofrer  (na minha cabeça) mais 6horas de TP, na ocitocina e outras intervenções... Tinha medo de fazer força, ainda sem ser a hora e ter um edema de colo e atrapalhar tudo (a louca cheia de informação, tentando ser inteligente na hora de ser bicho).
Fizemos a curvooooona voando, coloquei a mão pra ver ‘por onde ia sair’ e no solavanco da subida da ponte Pedro Ivo, entrada pra ilha de Florianópolis, na primeira empurrada, voluntária, involuntária, Ana foi saindo e pulou pro meu colo!

Guilherme falando com 'alguens' no telefone, só avisou, 'nasceu Drª, nasceu'.....
Minha mãe só disse: ‘Ai meu deeeeeeeeeeeus, vou fechar o olho, ai meu deeeeeeeeeeeus, vou desmaiar’.


A cena era linda! Ela quentinha e cheirosa, cheirando a Vida, o cordão ainda dentro de mim, eu sentia tudo latejando, tudo tão gostoso! Os olhões abertos, deram de cara com o pai, que só chorava e achava ela linda e perfeita. Os dois conversavam enquanto eu observava a cena quase que em câmera lenta e dava risada! O carro vermelho por dentro, via minha filha no meu colo, o pai dela do meu lado, minha mãe na minha frente e a ponte Hercílio Luz ao fundo. Com muito sol que fazia as 15:00 da tarde e refletia toda aquela nossa alegria. E desespero da minha mãe que ainda corria afoita caçando escolta pra maternidade. E dizia braba pra de mim, ‘ela fica rindo, ó’.

Embrulhei ela na toalha, pedi a camisa do Gui e tornei a embrulhar e assim fomos. Eu tentando acalmar os ânimos, 'está tudo bem gente, calma, ela ta respirando, ela tá bem. Tá tudo bem'.

Até que na altura do trapiche encontramos uma viatura, com um policial que não tava acreditando no que via, teve que sair e vir até a porta do carro e dar de cara com TUDO AQUILO pra sair disparado, disparado de verdade. Acho que o coitado se assustou. Acho que até chorrou com o Gui na porta da maternidade depois parabenizando. ~rs
Ele nos escoltou até a Carmela Dutra, onde gritaram por uma cadeira de rodas, mas já tinha descido andando do carro com minha cria embrulhada e colada em mim até a sala de atendimento.

Ana chegou, depois de 41 semanas e 6 dias, agradando a todos. A mãe queria em casa, o pai na maternidade. Ela escolheu o meio termo. O meio do caminho. Só ela sabia!



ps.: o pós parto merece uma segunda-parte (continua...). 

domingo, 31 de março de 2013

até a VEJA tá aprendendo

"No ranking da OMS, o Brasil aparece em segunda colocação entre os países com mais cesarianas. O Ministério da Saúde passou a ver com preocupação esse índice. Há um misto de comodismo e questões de mercado por parte dos médicos, que acabam evitando o parto normal ("O acompanhamento de um parto normal é complicado, principalmente nas grandes cidades, onde a vida do médico é corrida e ele tem vários empregos. Uma cesariana leva uma ou duas horas. Um parto normal pode demorar mais de seis horas, e a remuneração feita pelos planos de saúde é muito próxima. Isso passou a ser uma comodidade”, admite Desiré Callegari). Com os agendamentos, a tendência é de se encurtar a gravidez que resulta em um índice de nascimentos prematuros também alto. O Brasil não teve êxito na redução da mortalidade neonatal, que está diretamente ligada à proporção de nascimentos prematuros e de cesarianas antecipadas. O Responsável pelo setor de medicina fetal do Instituto ligado à Fiocruz e dedicado à saúde da mulher e da criança, vê na antecipação dos partos um risco para a saúde dos bebês. Nascer antes do tempo traz riscos principalmente para o sistema respiratório. Incapazes de respirar sozinhos, os recém-nascidos são afastados de suas mães e mantidos em UTIs neonatais. As cesáreas desnecessárias representam a principal causa da morte de recém-nascidos. A estimativa é de que um milhão de prematuros morram anualmente de complicações."

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terça-feira, 19 de março de 2013

de braço com o brax - ou contrações de treinamento

Quem é mãe já deve ter sentido o que é uma contração (vamos ser positivas!). Quando sente a musculatura da barriga toda dura, o que as vezes é meio incomodo, pode dar uma dorzinha, um desconforto, uma faltinha de ar. A sensação pode ser de que estão apertaaaando a barriga! Então, essa contração pode ainda não ser trabalho de parto (e no final da gestação mesmo, parece que nunca é)! Mas apenas um treinamento para o que ainda há de vir. 

As contrações de Braxton Hicks nada mais são do que isso mesmo, um treino do útero - um músculo - fazendo uma 'academia' pra estar prontinho pra hora do trabalho efetivo! Tem mulheres que não chegam nem a sentir, mas tem outras - como eu - que podem conviver desde as 16 semanas com elas, ou com sorte só bem mais tarde!

Muitas, nessa hora em que sentem as famosas contrações de treinamento, sem informação, correm pra maternidade, e dependendo de quantas semanas já estejam, já ficam por lá mesmo, acabam por induzir um '(falso) trabalho de parto que não está progredindo' e muitas vezes em uma cesárea por (falsa) falta de dilatação.

Elas podem ser desencadeadas por diversos motivos, se você, assim como eu, as sente constantemente, tem algumas formas de bem conviver com elas - pelo menos por alguns meses:
  • manter a hidratação - tomar sempre muita água, nunca chegar a 'sentir sede', pois é quando o organismo já está precisando muito de água!
  • mudar de posição, atividade - se estava de pé, sente. se estava sentada, ande um pouco. 
  • ir ao banheiro! - bexiga (ou reto) cheia(o) muitas vezes é o motivo. (e como não estamos acostumadas com o novo local que esses órgãos agora habitam, não nos damos conta que é a hora de ir)
  • tomar um banho morno pra relaxar - muito cansaço ou incomodações também podem despertar o tio brax!
Há outros estímulos que podem desencadear as 'falsas' contrações, mas não precisam ser evitados (preferencialmente não rs): exercícios físicos, o sexo!, simplesmente ficar alisando a barriga, ou pode até ser apenas pela movimentação do bebê.

Se mesmo sabendo desses motivos, ficar na dúvida se é ou não trabalho de parto ('pode ter certeza de que quando for você vai saber!' - frasezinha que irrita, mas é fato!) atente a outros sinais para saber diferenciar:


Principalmente, prestar atenção ao ritmo! Se possível, antes de correr pra maternidade, até que fique tranquila, confirmar se é um falso ou verdadeiro trabalho de parto, marque em um papel de quanto em quanto tempo elas vem e o tempo que duram (esse aplicativo também pode super ajudar)... Para que assim possa ter noção do ritmo em que estão vindo (se de 10 em 10 min., 5 em 5, -> 3 em 3 minutos é quando a doula aqui indica ser o momento de ir pra maternidade, se a ideia for essa !) Se houver perda de liquido amniótico ou secreção sanguinolenta (tampão mucoso) é sinal de que o trabalho de parto se aproxima!

Quanto mais próximo for chegando a data do parto, mais intensas e frequentes costumam ser as contrações de treinamento, o que vai nos deixando cada vez mais ansiosas, podendo confundir muuuitas vezes antes de ser de fato, pois elas vem e passam, pegam ritmo e param, vem fortes, diferentes, durando mais e de repente já estão tão iguais de novo! 

Aqui em casa já cheguei a dizer, 'da próxima lua não passa' por mais de uma vez, pois a cada lua cheia tem sido uma rotina de treino! Aproveite para isso mesmo, treinar! Seja a respiração, posições que mais te ajudam na hora da contração, que quando for pra por em prática acabará sendo instintivo buscar por elas.

Mariana Andrade

domingo, 17 de março de 2013

intervenções 'normais' do parto


Manobra de Kristeller 



Lendo uma ótima postagem no blog da Cy Scheffer - Rotinas do Parto NORMAL – o que eles fazem por você que mais atrapalha do que ajuda - Cria Minha - resolvi que iria repostá-la por aqui por achar necessária a divulgação. Como dito na postagem, informação: 'é FUNDAMENTAL para toda mulher que se ARRISCA a dizer que quer um parto normal hoje, 2013, no Brasil!' . 

Foi uma postagem que relembrou muito meus medo ao pensar em ir pra uma maternidade (completo 38 semanas de gestação hoje), no decorrer da leitura ia querendo acrescentar algumas observações, então decidi que faria uma nova postagem, sem tirar o crédito de quem me despertou a vontade !

Comentei a algumas semanas com o pai da minha filha que mostraria um vídeo de parto natural  (em casa, no hospital 1no hospital 2) - mãe ativa, delicioso, aproveitado! e de um parto 'normal' (vista da mãe, vista do médico) - sem nenhuma autonomia, feito pelo médico - só para que ele tenha noção (e dó) do que eu passaria e de que muitas passam (aflição define!). 

Pois ao entrar em uma maternidade, por mais que tenhamos nossos direitos por lei, nos submetemos as intervenções por de certa forma estarmos de acordo com a rotina hospitalar ( feitos em todas as parturientes sendo ou não necessário) ao decidir por uma maternidade. Então minha primeira sugestão é que, se você se importa com o seu corpo, a saúde e bem estar sua e do filho que vai chegar, investigue, pergunte a outras mães, ligue para a maternidade, questione! Não deixe essa 'responsabilidade' nas mãos dos outros (do marido, mãe, sogra, obstetra) porque não tomar decisão nenhuma também é uma escolha SUA! e consequentemente, sua responsabilidade.

Toda mulher, dentro dessa nossa cultura ocidental, ao se descobrir grávida, tem medo. Medo de como vai ser, se vai conseguir dar conta, medo do futuro, das novidades e a grande maioria MEDO DO PARTO! Quem não? De como vai ser, se vai dar tudo certo, se vai doer (?). Muitos medos se desfazem com informação! Mas esse medo de certa forma tem fundamento. Quantas histórias de horror ouvimos, antes, durante e continuam ainda depois do parto. A grande maioria das que passaram por intervenções acharam muito ruim e traumatizante até o parto! Quantas mulheres vocês conhecem que tiveram boas experiências de parto, que dizem o quanto foi gostoso e proveitoso parir. Eu sou uma que digo, mas por ter sido (natural, porém) hospitalar, acredito que ainda tem muito mais! Não sofri a grande maioria dessas intervenções, mas algumas coisas que aconteceram no decorrer do meu trabalho de parto considero desnecessárias e com certeza prejudicaram minha experiencia.

"Há pouco tempo atrás, lugar de nascer era em casa. Com a tecnologia avançando e a quantidade de hospitais aumentando, o parto foi transferido para os hospitais e o processo natural, cada vez mais passou a receber intervenções para "agilizar e facilitar" o trabalho dos médicos, mas a qualidade de atendimento ao parto só piorou. Todo processo fisiológico (comer, fazer sexo, urinar, defecar, parir) está, em nós, pronto para ser realizado de forma natural, e quando tentamos "modificá-lo" por algum motivo, isso consequentemente, vai se tornar incomodo, porque não faz parte da nossa natureza."¹

Nessa gravidez minha pretensão é ter meu parto em casa (pra enlouquecer marido, mãe, sogra...). Mas eu (além de ser dona do meu corpo!) por trabalhar como doula e ver o que e como acontece e por me informar! tenho noção do que é a violência obstétrica. E por mais 'linda e cor de rosa'  que tenha sido minha primeira experiência (sorte com a equipe de plantão em uma maternidade dita humanizada) sei que, por fim, muitas coisas só acontecem por ser em um hospital/maternidade... Onde a mulher acaba ficando numa posição totalmente passiva, por ser apenas uma contra todos. Ter que 'lutar' contra, em um momento em que o melhor é se ter paz, não é exatamente o que procuro pro nascimento da minha filha.

Como pode-se assistir nos vídeos (linkados no início da postagem) o parto natural é aquele que acontece, como o nome já diz, naturalmente, sem que ninguém intervenha, além da mãe e do bebê! "Já o chamado parto 'normal' hospitalar é na verdade, uma série de procedimentos médico que culminará com a extração vaginal de um feto, que passará a se denominar neonato"².

Lembrando que essa lista pode variar, de acordo com cada maternidade e equipe:

  • Isolar a mulher, impedindo-na de ter o acompanhante que escolher - seja companheiro, doula, mãe, vizinha... direito garantido por Lei Federal, (Lei é 11.108), datada de 07 de abril de 2005, também chamada de Lei do Acompanhante.

  • Jejum, de água e comida - a mulher fica sem poder comer ou tomar água durante todo o período de trabalho de parto. Mais um dos motivos pra não ir cedo a maternidade. (Por esse motivo tive de tomar gotas de glicose no período expulsivo do parto, pois não tinha mais energia. Desnecessário!)

  • Tricotomia - raspagem dos pelos pubianos. Além de não ter indicação, apenas na 'facilitação do trabalho do médico', seja para a episiotomia ou depois para a episiorragia (sutura). Imagina pelos crescendo, coçando junto aos doloridos pontos lá embaixo (por episio ou laceração)? Totalmente desnecessário.
  • Lavagem intestinal (enema) - lavagem intestinal é desconfortável e desnecessária se vocês tem funcionamento normal do intestino. No entanto, se você estiver constipada, pode desejar uma 'aplicação', mas não é imprescindível. E independente de lavagem ou não, a mulher pode defecar na hora do expulsivo. Isso é totalmente normal, afinal é da nossa fisiologia. NO geral, nosso intestino faz o trabalho sozinho, preparando-se para o parto, limpando horas antes do trabalho de parto começar.
  • Exame de toque - exames vaginais frequentes e repetidos, muitas vezes feito por mais de um prestador de serviços. Os médicos utilizam para ver a dilatação do colo do útero. Há médicos que fazem no pré-natal depois das 40 semanas, alguns já a partir da 37ª. Absurdo! Um abuso! Nosso corpo apresenta 'sinais' de dilatação, como a perda do tampão, cólicas ou contrações. Portando, exame de toque, antes do trabalho de parto é desnecessário. Se não quiser fazer, negue mesmo! Pouquíssimas mulheres tem dilatação antes da hora, muitas vezes causada apenas pelo peso do bebê. A dilatação só acontece mesmo depois que a mulher entra em trabalho de parto, então, para que fazer antes? (Uma obstetriz de SP diz que um pré-natal com toque é com ou sem diversão!) Durante o trabalho de parto, os sinais de intensidade de contrações e duração indicam a dilatação, não é preciso fazer 'toque' pra saber. E de qualquer forma o bebê nasce. Sabendo-se ou não a dilatação. Mas se você ainda assim quiser sabe, pode pedir ao seu médico. Há profissionais que conseguem fazer o exame de forma quase indolor. Busquem bons profissionais!
  • Sorinho, Pitocina, Ocitocina - hormônio sintético que faz as contrações durarem mais tempo e serem muito mais doloridas, fazendo com que a mulher entre no ciclo: dor absurda > anestesia > falta de contração > cesárea por (falsa) falta de dilatação. A pitocina pode ser 'necessária' quando depois de muitas horas sem evoluir no trabalho de parto, que não precisa ser necessariamente injetada na veia, pode ser inalada, se a mulher estiver cansada e sem contrações eficientes. Mas tudo deve ser discutido com ela, apresentando os prós e contras. Muitas vezes já é colocado na mulher assim que entra na maternidade, sem questionar ou ver necessidade. Outras vezes já se deixa a 'cânula' (veia aberta) para que a qualquer momento que convir ao médico seja utilizado (normalmente bata com a hora de troca de plantão!).
  • Comprimidos para indução - colocados na vagina. Pode ser pior que a indução com ocitocina sintética.
  • Rompimento artificial da bolsa (amniotomia) - o liquido amniótico contido na bolsa tem um efeito de proteção, equalizando a pressão sobre o bebê, o que resulta em menos pressão na cabeça. O rompimento artificial da membrana aumenta as chance de infecção e cria um limite de tempo para o parto. Só deve ser feito com o consentimento da mãe e depois de esclarecidos prós e contras. Mas é feito rotineiramente durante o início de trabalho de parto, para 'acelerar'. O que muitas vezes nem acontece (vem o mito da 'falta de dilatação de novo).
  • Imobilização -  uso rotineiro da Posição Supina, normalmente durante o trabalho de parto para melhor organização das 'parturientes' pela equipe em trabalho e a Posição de Litotomia, no período expulsivo, a posição de frango assado, ginecológica, muitas vezes até com as pernas AMARRADAS nas perneiras! pra facilitar o 'trabalho' do médico.
  • Cardiotoco, monitorização fetal contínua (cinta amarrada na barriga) - é usado para verificar os batimentos do bebê. Não precisa ser constante, mas muitos médicos utilizam durante todo o trabalho de parto e o pior, com a mãe na posição deitada, impedindo-a de se movimentar para o parto, causando desconforto e levando-a para o ciclo: dor absurda > anestesia > falta de contração > cesárea por (falsa) falta de dilatação ou um parto 'sofrido'. O monitoramento pode ser feito por aquele aparelho  de escuta do coração do bebê, sem precisar prender a mãe em uma cama. Ou ainda, pode ser feito de forma intermitente, mas nunca de forma constante porque é totalmente desnecessário. (Em muitas maternidades esse aparelho nem funciona direito, o que pode ser utilizado para dizer que o bebê está em -falso- sofrimento).
  • Anestesia ou Analgesia - controle da dor através da aplicação de um medicamento que faz com que a mulher não sinta a dor das contrações e consiga relaxar. Pode ser útil para uma mulher que está a muitos dias sem dormir, sem comer, poder conseguir descansar por algumas horas para depois continuar o processo do trabalho de parto mais tranquilamente. Cada uma tem um limite para a dor, e se a mulher, depois de passar por todo tipo de método para o alivio da dor não farmacológicos, achar que precisa mesmo, deve combinar com o médico como deve ser feita. Para que o trabalho de parto não deixe de evoluir, as vezes uma pequena dose de medicamento já ajuda bastante. a. Para que o trabalho de parto não deixe de evoluir as vezes uma pequena dose de medicamento já ajuda bastante. Porém os efeitos colaterais podem afetar a mãe e também o bebê (nascer drogado), o trabalho de parto pode estacionar, e iniciar uma cascata de intervenções contrações não eficientes > ocitocina sintética para retomar > episiotomia > fórceps e por fim ser "necessário" uma cesárea.
  • Transferência rotineira da parturiente para outra sala no início do segundo estágio do trabalho de parto. (Intervenção feita no meu parto "humanizado" com uma querida senhora me gritando "Quer que teu bebê nasça no corredor??")
  • Fórceps - é utilizado quando a mãe após horas de expulsivo, não consegue por o bebê para fora e este fica no canal do parto sem conseguir sair. Mas são casos raros de real necessidade. Muitas vezes a mulher trocando de posição, já facilitada a saída do bebê. Portanto, é preciso ter bons profissionais em que se possa confiar de que um forceps foi mesmo necessário e não "despreparo" e "medo" do médico apressado.
  • Manobra de Kristellerpressão no fundo uterino durante o trabalho de parto e parto. É aquela manobra em que um enfermeiro ou anestesista (geralmente é o maior da equipe) sobe em cima da mãe e empurra o bebê por cima da barriga dela. Já é proibido em alguns países. Outro absurdo! Usado por falta de preparo e paciência dos profissionais que atendem partos. Essa manobra pode causar até morte materna ou fetal. Não aceitem peloamordedeus!
  • Força conduzida - esforços de puxo prolongados e dirigidos (manobra de Valsava) durante o período expulsivo. (também tive essa 'intervenção', na transferência de uma sala para outra, minhas contrações pararam, a equipe desespera pois não tem como monitorar o bebê), E também o Estímulo para o Puxo, quando se diagnostica dilatação cervical completa ou quase completa, antes que a própria mulher sinta o puxo involuntário.
  • Puxar o bebê pra fora depois que a cabeça sai, manipulação ativa do feto no momento do nascimento - quando o bebê 'nasce com a clavícula quebrada', e a culpa acaba sendo do parto normal, não do médico, nunca. (Tive a 'benção' de ter meu parto em um Hospital Universitário em que a residente foi testar a 'manobra' conosco. O vídeo do parto chega a ser cômico se não fosse trágico, ela puxa, puxa, puxa, pra cima, pra baixo, pra cá, pra lá, olha pro 'professor' como quem diz 'nao deu', cede o espaço pra ele, que explica EM MIM, sem tirar o bebê para que a 'aluna' volte e termine o que começou. Excelente!)
  • Episiotomia - é o corte feito entre a vagina e o ânus para facilitar... o trabalho do médico! Porque no geral, quando se espera com calma o bebê nascer no seu tempo e com a vontade natural da mãe empurrá-lo com os 'puxos' dificilmente ocorrem lacerações. É uma mutilação vaginal sem função, que já teve sua necessidade derrubada em 1985 e até hoje fazem em TODAS - ou quase todas, e normalmente sem pedir autorização, simplesmente cortam. Isso é crime, lesão corporal! Pode até ser 'necessário' se a mãe estiver horas no expulsivo sem conseguir parir, estiver muito cansada, ou se fez analgesia e não consegue fazer a força adequadamente para expulsar o bebê. (Feito 'necessariamente' muitas vezes por conta da posição disfuncional em que a mulher é obrigada a ficar para que o médico trabalhe melhor.) É algo que deve ser discutido e analisado sobre prós e contras! Mais informações
  • Clampeamento imediato do cordão - é comprovadamente indicado que se espere o cordão parar de pulsar para que se clampeie e corte. "Quando o bebê nasce, 1/3 de seu sangue ainda está na placente. O sangue desse cordão, que é de fato o depósito de sangue da placenta do bebê, é rico e único, contendo células-tronco, ferro, oxigênio, hormônios e enzimas. Esse sangue é para garantir aos órgãos vitais do bebê a quantidade total de sangue de placenta necessária para uma ótima saúde neonatal".³ 
E além dessas intervenções no trabalho de parto, há procedimentos também no pós parto com, a agora, puérpera e também com o recém nascido... Alguns procedimentos, a maioria deles, são discutíveis. Outros "podem até ser úteis em casos específicos, o que não justifica que sejam utilizados em todos os casos (como é feita a rotina hospitalar). E muitos deles são comprovadamente considerados dispensáveis e até prejudiciais (OMS) à saúde da mãe e/ou do bebê e ao bom andamento do parto"².

Não caia na ilusão da escolha, marcando uma cesárea como fuga. 'As cesarianas são cirurgias de grande porte, com um risco intrínseco de desfechos maternos graves e que somente deveriam ser realizadas quando há um claro benefício que compensasse custos maiores e riscos adicionais associados'.* Informe-se e busque ter seus desejos atendidos! 

Se tais procedimentos é tudo o que você NÃO quer no seu parto (corra Lola, corra), busque na sua cidade uma equipe humanizada que atenda na maternidade escolhida, uma parteira, ou casa de parto. Uma doula pode te ajudar nessa busca. A doula não pode optar por você, mas vai te ajudar com informações, a elaborar um plano de parto, te contar sobre os procedimentos em cada maternidade e a sua fama. Pode também te acompanhar, estar junto a você, te resguardando, protegendo o seu parto. Para que você, seu bebê e suas decisões sejam respeitadas. 


"Mais vale lutar ou submeter-se?"

sexta-feira, 1 de março de 2013

10 técnicas para gerenciar a dor no Parto Natural

por michelle - The Parent Vortex

Minha vizinha está esperando seu primeiro bebê nascer a qualquer momento, e vê-la tão cheia de expectativa está me deixando nostálgica, recordando meu primeiro parto. Então, este post é para todos vocês mães de parto natural, passado, presente e futuro: uma coleção de técnicas de gestão da dor, livre de drogas para o parto. 

1. Concentre-se na respiração. Se eu tivesse que escolher apenas uma técnica de controle da dor, seria esta. Mantenha o controle da respiração, mantendo as exalações tão longas, suaves e prolongadas quanto possível. Não se preocupe com as inalações, que irão acontecer por conta própria. Esta técnica me ajudou a sentir como eu estava indo a cada contração, ao invés de ser golpeada por elas. Minha professora de yoga disse, "a respiração é o bote salva-vidas que vai levar você através dos mares tempestuosos do nascimento." Ela sabia do que estava falando. 

2. Balance e rebole. Rodas o quadril e a pélvis não só acalma e tranquiliza, como também aumenta a intensidade das contrações, aumentando a pressão da cabeça do bebê sobre o colo do útero e incentiva o bom posicionamento fetal. 

3. Fique de pé. Use posições de parto ativo, como se inclinar, dançar, andar, 'pular' em uma bola de pilates, balançar em quatro apoios. Andar para trás e para frente até o banheiro. Para cima e para baixo na sala. E descançar a cabeça em algo macio entre as contrações. 

4. Fora de área. Deixe o resto do mundo cuidar de si mesmo. Permita que a lógica, a mente analítica, se acalme. Para mim, isso significa NÃO cronometrar minhas próprias contrações. 

5. Renda-se à força da vida que flui através de você. Encontre essa profunda fonte de força interior. 

6. Visualize uma flor se abrindo.

7. Diga SIM. Sim, eu vou encontrar o meu bebê em breve. Sim, estou progredindo no trabalho de parto. Sim, cada contração me traz mais perto do nascimento. 

8. Faça gemidos. Vocalize outros sons baixos, guturais, especialmente durante a expiração. 

9. Mantenha a boca, maxilar e face relaxada. Tensão no rosto pode refletir em tensão no assoalho pélvico, e vice-versa. 

10. Pratique diferentes técnicas de gestão da dor, antes do parto. Então você poderá fazê-los depois sem ter que pensar neles. Birthing from Within (Parto que vem de Dentro) é um grande recurso para a prática de gestão da dor.

Não há forma melhor de se preparar para o parto natural durante a gravidez, do que escolher um profissional que dê suporte, cuidados e informações sobre a fisiologia do parto e nascimento (como uma doula ou educadora perinatal). Quando se trata de um parto livre de drogas, você não tem que ser uma super-heroína sem ter nenhum alívio para dor. Se você tentar todas estas técnicas e acabar precisando de uma analgesia peridural, tudo bem também. Mas com uma gravidez saudável, uma boa preparação e um arsenal de poderosas técnicas naturais para alívio da dor, um parto natural, livre de drogas é possível para toda mulher!

**tradução livre: Mariana Andrade

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Alterar medo, tensão e dor em fé, relaxamento e prazer

por Laura Shanley
 
foto de Emil Schildt
Dar à luz, nos dias atuais, em uma cultura que sempre retrata o parto como doloroso e perigoso já é uma façanha por si só. Pra onde quer que olhamos nos é mostrado imagens de mulheres gritando ao dar à luz, e médicos mascarados heroicamente salvando o dia.  Nos dramas médicos da televisão mulheres são levadas as pressas para as salas de operações de emergência para cesarianas, e as séries de comédia são notórias em mostrar mulheres em trabalho de parto gritando para seus maridos, cheios de culpa por ter de fazê-las passar por isso. Em nenhum lugar o parto é descrito como uma experiência prazerosa. Não é à toa que a maioria das mulheres o temem.
 
Algumas mulheres, de fato, tem tanto medo do parto que elas literalmente não podem engravidar. Falei com uma médica recentemente que me disse que era estéril. "Meu marido e eu fizemos vários testes e não há absolutamente nada de errado conosco fisicamente", disse ela, "mas eu sempre tive medo de dar à luz. Eu soube desde que era criança que nunca ia dar à luz. Você acha que o meu medo tem realmente me impedido de engravidar?"
 
Eu tenho falado com outras mulheres que foram capazes de engravidar, mas incapaz de dar à luz de parto normal. Elas também se perguntam qual o papel desempenhado pelo medo em suas experiências.
 
Outras ainda tiveram de dar à luz por via vaginal, mas sofreram uma grande dor. Uma mulher me disse: "Minhas irmãs e eu nascemos de cesarianas. Para mim foi um triunfo apenas dar a luz de parto normal. Talvez da próxima vez eu seja capaz de eliminar a dor" .
Então, por mais que algumas mulheres possam me criticar por dizer que uma forma de dar à luz é mais desejável do que outra, ou que existem objetivos a se alcançar para parir, eu realmente acredito que existem. E o objetivo que eu escolhi para alcançar foi parir sem dor, sem drogas e sem assistência médica em casa.
 
Bandeiras vermelhas sobem quando falo em parto indolor. A maioria das mulheres tem dor no trabalho de parto e ficam na defensiva se eu disser que o nascimento não tem que doer. Algumas mulheres sentem que estou "culpando-as" por sentir dor. Mas, certamente, não é minha intenção. Infelizmente, é realmente de se esperar na maioria dos casos, dada a cultura em que a maioria de nós foi criada, de dor.


No entanto, não vejo como inerentemente doloroso o nascimento, e sei que vai chegar um momento em que o parto vai ser apreciado e não resistido. Mas antes que isso possa ocorrer, deve haver uma mudança na consciência da humanidade e essa mudança tem que começar com o indivíduo.
 
Se realmente deseja experimentar um parto sem dor, ajuda conhecer um pouco sobre a natureza dela, incluindo sua função e causa. A dor é um sinal de que algo está errado. Isso não acontece de forma indiscriminada. Ela só ocorre quando estamos fazendo algo que não deveria estar fazendo. A dor é uma mensagem dizendo para parar.
 
No caso de uma mulher em trabalho de parto, obviamente não é uma mensagem para parar o parto. O que então poderia ser a dor nos dizendo? De acordo com Grantly Dick-Read, autor de 'Parto sem Medo' (Childbirth without Fear), o medo é a origem da dor no trabalho de parto. Nenhuma outra função corporal natural é dolorosa, ele escreve, e o parto não deve ser exceção.
 
Quando uma pessoa está com medo, as mensagens são enviadas para o corpo dizendo que existe um perigo ali, que deve ser combatido ou que se deve fugir. Sangue e oxigênio são instantaneamente enviado para a estrutura muscular, permitindo que a pessoa fique preparada para atacar ou correr. Mas o sangue e oxigênio extra deve vir de algum lugar, por isso o corpo drena de órgãos que considera não essencial para "fuga ou luta." É por isso que as pessoas ficam brancas quando estão com medo. O corpo sabe que os braços e as pernas precisam de mais sangue e oxigênio do que o rosto nessa hora.
 
Infelizmente, o corpo considera o útero um órgão não essencial quando se trata de fuga ou luta. De acordo com Dick-Read, o útero de uma mulher assustada no trabalho de parto é literalmente branco. Ele não tem o combustível necessário para que funcione do jeito que foi projetado para funcionar. Consequentemente, dói. Então para eliminar a dor devemos eliminar o medo.
 
É claro que, às vezes, é mais fácil falar do que fazer. O medo corre profundamente em nossa cultura e muitos de nós poderia passar a vida inteira (ou duas) purgando os medos que temos desenvolvido. Mesmo a maioria das pessoas "iluminadas" tiveram infâncias que não eram perfeitas. E até uma criança que é criada por pais sem medo, ainda tem de viver em uma cultura que está constantemente enfatizando os "perigos" de estar vivo. Lembro-me de uma declaração feita pelo falecido Eric Sevareid. "O maior grande negócio na América", ele disse "não é de aço, automóveis, ou televisão. É a fabricação, refinamento e distribuição de ansiedade".
 
E ainda, eliminar o medo não é impossível, pois há algo que é  muito mais poderoso do que o medo que tudo consome - FÉ. Fé é acreditar que tudo está bem. Fé é saber que não estamos sozinhos no universo. A fé é a compreensão de que a consciência que nos criou não quer que soframos no nascimento ou na vida. Fé é confiança de que nossos corpos foram projetados para dar à luz de forma segura e indolor. Fé é aceitar o fato de que somos os criadores de nossas vidas e de nossos partos.
A fé não é o oposto da razão. Ter fé não significa nos sentar e não fazer nada durante a nossa gravidez. Quando temos fé, compreendemos as origens psicológicas da maioria das dores e problemas que grande parte das mulheres enfrentam no trabalho de parto e fazemos o nosso melhor para enfrentar e vencer os nossos medos. Não corremos para "especialistas", exames de sangue, testes de urina ou vitaminas, pois sabemos que, com boa comida (nem muito, nem pouco), ar fresco, exercício, e as crenças próprias, nossos bebês prosperam.
 
Ter fé é o primeiro passo para eliminar o ciclo de medo/tensão/dor que a maioria das mulheres experimentam no trabalho de parto, pois a fé leva ao relaxamento e relaxamento leva ao prazer !


Não há dúvida de que a energia do nascimento é poderosa. Mas seu poder pode ser como o vento que espalha as sementes do salgueiro, ou um nascer do sol que banha o céu em uma bela luz amarela. Esta é a minha visão de nascimento. Algum dia, eu sei que o resto do mundo vai compartilhar comigo.

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