As resoluções 265 e 266/12 do CREMERJ desceram mal na garganta de muitas mulheres.
Nelas o Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro
deixa claro, entre outras coisas, que o parto é um evento exclusivamente
hospitalar, onde apenas o médico está capacitado para dar a assistência
necessária e decidir quem pode estar presente neste momento único de
nossas vidas.
Dizendo pensar no nosso bem-estar e de nossos filhos, eles deixam
claro que o parto é tão seguro como uma bomba relógio e que a única
assistência coerente para quem não quer se “arriscar” é estar com um
médico , dentro de um hospital e envolta de equipamentos.
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O CREMERJ proibiu qualquer participação médica no SEU parto domiciliar:
Enumerando riscos e responsabilidades com o bem-estar da sociedade, o CREMERJ VETA qualquer participação médica em partos domiciliares, casas de parto, assistência imediata a neonatos nascidos em domicilio.
Eles ainda estimulam o “denuncismo” dentro de sua própria classe, tal
qual na ditadura, com o intuito de que nenhum médico tente burlar as
suas resoluções.
Não, eles não propõem a omissão de socorro em caso de
urgências/emergências, mas, ao impedirem a atuação de médicos como
backups de partos domiciliares ou realizados em casas de parto (sim,
ainda temos uma aqui no Rio de Janeiro, embora vira e mexe eles tentem
fechá-la!), acredito que para estimularem a omissão de socorro falta
pouco.
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Além de deliberarem sobre a atuação dos médicos de forma tão arbitral
e nada baseada em evidências, fazendo o jogo baixo do terrorismo e
denuncismo, eles resolveram, agora, deixar ainda mais claro que no parto
mandam eles, e SÓ eles!
Isso mesmo: O CREMERJ proibiu a participação de doulas, obstetrizes e parteiras no SEU parto:
Dentro de suas deliberações, o CREMERJ institui o parto como um
evento puramente médico-hospitalar, dá as costas para a medicina baseada
em evidências e impõe que os partos de baixo risco sejam realizados
exclusivamente em ambientes hospitalares e que, desta forma, só cabem
aos médicos deliberarem quem pode estar presente nele.
Neste “saco de gato”, o CREMERJ coloca as Doulas, Obstetrizes, Parteiras e “etc” como personas non gratas dentro do ambiente hospitalar e impedidas de prestarem assistência à mulher - seja técnica, seja emocional.
Com a “desculpa” de pensar no que é melhor para VOCÊ, o CREMERJ mais
uma vez tutela as mulheres e decide como deve ser o SEU parto.
Não se surpreenda, amiga, se você entrar para os 89% das mulheres
cesareadas do Brasil. Lembre-se: o CREMERJ sabe o que fazer no SEU parto
e está apenas pensando no seu bem-estar, mãezinha...
Agora, se você deseja retomar o protagonismo do seu parto, da sua vida, não fique aí sentada!
Você pode assinar a esta petição pública.
E pode se unir à Marcha pelo Parto Humanizado e mostrar para eles que
estamos bem informadas, sabemos parir e temos o direito de escolher
quem bem entendermos para nos prestar assistência no NOSSO parto!
E você, querido médico, que fala abertamente que “adoraria”
participar da equipe de parto domiciliar como backup, gostaria de poder
dar assistência aos neonatos em domicilio após o parto, discorda das
deliberações do CREMERJ quanto aos riscos intrínsecos do parto, quanto
as possibilidades de assistência técnica, quanto ao trabalho das
doulas... Lembre-se, o conselho também fala por você. Participe das
reuniões, dos conselhos deliberativos, das eleições, mexa-se! Você
também é parte importante desta engrenagem!
Gabriela Prado, psicóloga, doula do Núcleo Carioca de Doulas e mãe de dois, que nasceram em casa com enfermeira, mas tendo obstetra e pediatra de backup !!!!