terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Comunidade Materna



Comunidade pode ter diferentes acepções:

Do ponto de vista da ecologia, comunidade - também chamada biocenose - é a totalidade dos organismos vivos que fazem parte do mesmo ecossistema e interagem entre si, corresponde, não apenas à reunião de indivíduos (população) e/ou sua organização social (sociedade) e sim ao nível mais elevado de complexidade de um ecossistema. Uma comunidade pode ter seus limites definidos de acordo com características que signifiquem algo para nós, investigadores humanos. Mas ela também pode ser definida a partir da perspectiva de um determinado organismo da comunidade. Por exemplo, as comunidades possuem estrutura trófica, fluxo de energia, diversidade de espécies, processos de sucessão, entre outros componentes e propriedades. [1]


Gostaria muito que existisse uma comunidade em que desde a gestação (ou já na intenção da) tivéssemos apoio de outras mulheres. Na compreensão das mudanças fisiológicas e psicológicas. Uma ajudando outra a passar melhor pelos enjoos e medos. Que com o conhecimento de causa indicassem uma melhor alimentação ou “histórias como bálsamos medicinas”[2]. Que durante a preparação para o parto também ensinassem como lidar com o que há por vir. Que nos compreendendo - como indivíduos já vindo de uma sociedade injusta e problemática, nossa preparação para o parto se iniciou antes mesmo de existir a gravidez, desde nossa formação como mulher, na criação, na educação recebida, nas convicções e ideias preconcebidas sobre nossa feminilidade, da família e cultura em que estávamos inserida – nos auxiliassem nesse momento, fornecendo as informações que tivéssemos a curiosidade de perguntar ou que achassem necessárias para nossa evolução. E também nos ensinassem como guiar-nos pelo próprio pensamento, derrubando os mitos e desafazendo os medos. Assim nos conduzindo a criar consciência do próprio corpo e fisiologia, fazendo-nos ganhar confiança em nós mesmas como mulher. Não só que nos ensinassem exercícios que auxiliaria na preparação física mas que pudéssemos trocar informações, expor dúvidas que fossem esclarecidas. Que também trocássemos experiências em grupo com outras gestantes além das mães já paridas, para que nos preparássemos para a transformação que aconteceria. Que nos fizesse compreender e confiar não só na nossa fisiologia mas no instinto. Para o recuperarmos e valorizarmos. 

E ao nos vermos grávidas nessa sociedade (que ao mesmo tempo exige que sejamos excelentes profissionais nos cobra uma maternagem exemplar - incluindo manter a casa linda e limpa!), pudéssemos nos manter tranquilas e confiantes sobre o que viria. Sem que tivéssemos a preocupação, de dentro deste contexto, ter que ser vista como uma boa cumpridora do nosso papel, principalmente tendo que nos manter super ativas – preferencialmente de forma assalariada.  Não nos obrigando a trabalhar com todos os perrengues que se passa no início e não tendo que pegar pesado no final com barrigão. Poder ter tempo para nos prepararmos de fato para o parto e a maternidade. Que ao pararmos, fosse por cansaço ou até preguicinha, não tivéssemos que escutar (que fosse o fantasma da própria mãe) o quanto estaríamos sendo fracas e fracassadas na única coisa que deveríamos tirar de letra nessa vida pois foi para isso que nascemos: produzir e reproduzir...